Em uma rápida busca na internet e logo encontramos uma infinidade de matérias e artigos sobre liderança. Muitos desses conteúdos apontam quais as características necessárias para um bom líder. Ele tem que ser assim, tem que ser assado, tem que ser cozido, ou ainda malpassado… Em cada manual de liderança, existe uma receita pronta sobre as principais características de um bom líder.
Mas, em nenhum momento essas receitas te lembram que o líder também é uma pessoa, de carne e osso, que tem os seus defeitos, suas dúvidas, angústias e, apesar de tudo isso, têm que servir de bússola para seus liderados, mostrando o caminho a ser seguido, quando, às vezes, nem mesmo ele sabe, de forma clara, para onde ir.
A imagem do líder forte, que tudo vê e tudo sabe à imagem e semelhança de um super-herói, é difundida à exaustão, mas nem sempre condiz com a realidade. Ao contrário do que se pensa, líderes também possuem seus momentos de fraqueza, só não podem ou são incentivados a não demonstrar, ao menos de forma clara.
Essa “impossibilidade” de demonstrar os seus sentimentos, faz da posição de líder, um território árido, duro e, muitas vezes, solitário. E esse é um sentimento experimentado por mais de 50% dos CEO’s, segundo um estudo realizado pela Universidade de Harvard, o Havard Business Review.
Nesse estudo 61% dos que disseram se sentir solitários, também revelaram que isso afetava o seu desempenho como gestor. E os números são ainda mais alarmantes entre os chamados “marinheiros de primeira viagem” – 70% deles disseram ter se sentido sozinhos e desamparados no início de suas gestões.
Por que isso acontece?
Por mais que este seja o sonho de grande parte dos que atingem o nível gerencial, o cargo de CEO, está longe de ser a maravilha que a maioria acredita. A sala exclusiva, bem mobiliada e a poltrona confortável, trazem junto consigo, um fardo pesado para se carregar e uma aura de infalibilidade, que é, no mínimo, equivocada.
Subordinado a um Conselho de Administração, cheio de gente ávida por desempenho, que espera desse líder a capacidade de colocar em prática o plano estratégico da empresa. No entanto, esse CEO fica, na maior parte do tempo, refém dos seus sentimentos de insegurança e dúvidas relativas às estratégias definidas, sem poder revelá-las ou discuti-las com mais ninguém.
Nessa posição, ele, na grande maioria das vezes, não tem mais ninguém com quem compartilhar as suas “dores”. Desta forma, não é raro que acabe por precisar de uma ajuda terapêutica. Alguns deles, fazem acompanhamento psicológico, para buscar se reequilibrar, diante dos desafios que enfrentam diariamente. Outros, buscam mentores que também podem auxiliar nesse caminhar. Porém, a maioria não faz nem uma e nem outra opção.
Do outro lado da sala, entre os seus subordinados, o CEO é tido como um ser iluminado, com capacidades sobre-humanas: um misto de super-herói de quadrinhos, com supercomputador, que tem na ponta da língua, todas as melhores estratégias de negócio e gestão, para serem aplicados de forma perfeita e sempre que necessário.
Essa visão deturpada dos colaboradores, acaba por tornar o seu líder, o mocinho ou vilão, muito acima das pessoas “normais”, tornando-o inacessível em alguma medida. Ambas as situações estão longe de refletir a verdade. Isso acaba por tornar o gestor, ainda mais isolado e solitário no seu cargo.
E esta angústia e solidão não são sentimentos que associamos a figura dos líderes em geral, de forma corriqueira. Muito ao contrário! Sempre imaginamos os líderes, detentores de diferentes conexões e sempre acompanhados de pessoas direta ou indiretamente ligadas a ele, que o acompanham e auxiliam na tarefa de tomar as melhores decisões.
Nada mais falso que isso. A maioria dos líderes vive uma realidade imaginária, uma mentira, contada por seus superiores hierárquicos, seus subordinados e até por eles mesmos.
Bons momentos existem
Apesar de nem tudo serem flores na vida de um líder, existem sim momentos em que o exercício da liderança vale a pena. Pode ser o aprendizado acumulado ao ocupar essa cadeira, o feedback positivo da equipe – até naqueles momentos angustiantes como o de ter que demitir parte da equipe.
O líder é como o professor que vez ou outra ouve de alguns alunos o quanto eles fizeram a diferença em suas vidas. Nessa hora parece que todo sofrimento, angústia e solidão, que são parte inerente da função, acabam por trazer a sensação de dever cumprido.
O mais importante de tudo é ter claro na sua mente, se você está preparado para enfrentar este tipo de desafio, e, se isso vai te fazer uma pessoa realizada e feliz com a sua decisão de assumir a função. Pesar os prós e contras ajudará na tomada dessa decisão quando o convite tão esperado chegar.
Se deseja saber mais sobre liderança, convidamos para ler os artigos que estão aqui em nosso blog. Ah, e foram pensados para pessoas reais, de carne, osso e sentimentos. Boa leitura e liderança!