Já não é de hoje que se fala da importância da imagem da empresa e nesse quesito está o Dress Code. Mas você sabe o que é o Dress Code e como utilizá-lo na sua empresa?
Nesse artigo, nós conversamos com uma especialista e vamos tratar sobre a importância e necessidade de ter um manual de vestimenta e uso dos uniformes.
Origem do Dress Code
A expressão Dress Code é originária do inglês e na tradução significa código de vestimenta, ou seja, um conjunto de convenções relacionadas à utilização de roupas a fim de criar um padrão social de apresentação.
Muito comum em ambientes e situações formais, esse código sobre como se vestir faz parte da história da humanidade. Veja esses exemplos ao longo dos séculos.
Na Roma do Século IV, a utilização de túnicas de seda na cor púrpura era restrita ao imperador e alguns poucos a quem ele autorizava, pessoalmente. O aristocrata que vestisse uma sem permissão seria condenado à morte.
Já no Século VII, as pessoas que faziam parte da nobreza usavam alguns tipos de roupas com maior pompa, para deixá-las em maior evidência. Ou seja, na época, as convenções serviam apenas para uma questão de status.
Dando continuidade à tradição, os códigos de vestimenta no ambiente de trabalho surgem junto com as primeiras empresas modernas, no século XVIII, na Inglaterra, berço da Revolução Industrial.
O uso da camisa branca de escritório ganhou destaque por se tratar de uma roupa fácil de sujar. Só seria possível usá-la se o trabalhador não colocasse a mão na massa.
Com isso, o pessoal do escritório passou a ser chamado de white-collar (colarinho branco), em oposição aos do chão de fábrica, os blue-collar (colarinho azul), em alusão ao macacão azul escuro que vestiam.
Ainda nesse caminho, a roupa de trabalho da mulher não demorou a seguir a influência do padrão adotado para a vestimenta masculina. Uma tendência que se intensificou à medida que elas passaram a ocupar posições de liderança.
Ao longo dos anos, acompanhando as mudanças que aconteceram na sociedade, o Dress Code também se transformou. Hoje, os códigos de vestimenta são considerados uma ferramenta de comunicação, principalmente no meio corporativo.
Dress code corporativo
No ambiente corporativo, o Dress Code está presente em alguns segmentos específicos ou que ainda se organizam de maneira mais formal, como instituições bancárias e escritórios de advocacia. Lá, os homens vestem terno e as mulheres usam camisas, blazers, calças, saias e vestidos de alfaiataria.
Por causa da formalidade, as cores das roupas são sóbrias, os sapatos são sociais e os acessórios, discretos. Em muitos outros ambientes corporativos, de setores variados, o padrão semiformal tem atendido bem às necessidades do trabalho.
Com as mudanças no mercado corporativo pós-pandemia, o padrão casual ganhou mais espaço. Daí, a intensificação em algumas empresas do “casual friday”, que libera os colaboradores de usarem roupas formais na sexta-feira.
Por outro lado, há também um movimento contrário a tudo isso, chamado de “No Dress Code”, ou seja, não aos códigos de vestimenta. Lembramos aqui que a questão maior é avaliar até que ponto, o modo como nos vestimos transparece a imagem da empresa.
Uma visão profissional
Na visão da consultora de imagem pessoal e profissional, Jeysi Mozer, o Dress Code é uma forma não verbal de comunicação. Isso porque antes mesmo de termos a oportunidade de falar, o inconsciente do nosso interlocutor faz essa leitura.
Ela diz que são criadas impressões sobre o que fazemos, como fazemos e nossa capacidade de fazer. Por isso, cuidar da vestimenta dentro de uma empresa é fundamental para que essa comunicação seja assertiva e abra portas.
De acordo com Jeysi, nosso subconsciente faz julgamentos em tempo integral. “Ele faz julgamentos que se relacionam com o nosso instinto de sobrevivência. E não leva muito tempo para que isso aconteça. Já nos primeiros segundos de contato, estes nossos instintos nos alertam para se algo é bom ou ruim, se gostamos ou não, se posso confiar e se me dá medo”.
Ela lembra que quem dita essa primeira impressão é a nossa imagem pessoal. E, tanto pode transmitir confiança e credibilidade, quanto criar distanciamento e desconfiança, afastando as pessoas.
“E como estamos transmitindo mensagens a todo momento, devemos ter todo cuidado com a nossa imagem. Ela fala muito sobre nós, até mesmo quando estamos tentando ser discretos”, destaca.
Principais equívocos
A especialista ressalta que o principal equívoco em relação ao que vestimos está relacionado a adequação. Ou seja, o conflito entre a roupa e o ambiente, o alinhamento entre o que vestimos, onde estamos e com quem falamos.
Outra situação corriqueira é a inconsistência da mensagem visual. A falta de clareza desse vocabulário da imagem, pode nos fazer transmitir mensagens opostas a que desejamos, fazendo com que não consigamos sustentar as mensagens no nosso dia a dia.
“Isso acontece quando a cada momento eu estou me vestindo de uma forma. Um dia estou bem arrumada e no outro estou muito despojada. Hora extremamente criativa e hora formal. Essa falta de consistência pode causar confusão na cabeça dos nossos clientes e de outras pessoas com quem convivemos”, explica Jeysi.
Uniforme = imagem da empresa
Com sua experiência, a consultora de imagem reforça que o uniforme precisa estar alinhado ao desejo de imagem da empresa, seja ele de formalidade, elegância, proximidade ou acessibilidade.
“Quanto mais personalizado ele for, mais clareza na mensagem visual terá. Lembrando que é importantíssimo que a peças estejam sempre em bom estado. Como é um traje usado todos os dias, a troca ou manutenção deve acontecer regularmente”.
Ela lembra que em algumas ocasiões, o uniforme pode ser dispensado, a depender da atividade empresarial. Mas é importante que a empresa tenha um Dress Code bem estabelecido para que as mensagens visuais da organização prevaleçam.
“Isso evita que aconteçam situações desagradáveis, como ter que chamar a atenção de um funcionário sobre sua vestimenta. Um código de conduta em relação a vestimenta e comportamento, que também compõe a nossa imagem, é uma ferramenta fantástica para implementar em uma organização”, reforça ela que já deu palestras em empresas, orientando para os cuidados com a imagem.
Eventos formais x casual Friday
Outro ponto de atenção se refere ao Dress Code em eventos formais da empresa ou representando-a e o casual day.
Jeysi Mozer ressalta que mesmo em eventos mais descontraídos é preciso manter o alinhamento da imagem pessoal com a empresa que representamos.
“É até possível adicional uma pitada de criatividade, mas sem nunca esquecer que é um evento de trabalho e que o seu profissionalismo e postura continuarão sendo avaliados”, ensina.
Apesar de algumas empresas terem adotado a vestimenta casual para as sextas-feiras, chamado de Casual Friday é preciso cautela e regras claras, a fim de se evitar exageros ou inconsistência no código visual da empresa.
Vale ressaltar que essa é uma política que não funciona para qualquer empresa. O maior perigo é criar um desalinhamento entre as mensagens desejadas e as mensagens que serão transmitidas.
“Imagine um cliente chegando a uma empresa na sexta-feira e notando que todos estão muito despojados e a vontade? Se ele não conhece a norma de conduta, pode formar uma imagem distorcida. Por isso é imprescindível que situações como essa sejam muito bem pensadas e que tenha regras claras” diz a consultora.
Representando a empresa
Quando estamos a trabalho estamos representando a empresa. Portanto ser fiel às regras estabelecidas é importantíssimo. “Afinal, se fosse conosco não gostaríamos que alguém fosse nos representar de qualquer jeito, certo?”, questiona Mozer.
Ela complementa falando dos comportamentos. “Seja trajando um uniforme ou representando uma empresa, transmitimos ao mundo quem somos, os nossos valores, nosso comprometimento e nosso preparo diante da vida. Por isso, comportamento fala quem você é”.
Por fim, Jeysi deixa um recado importante para empresas de todos os portes. “Independente da quantidade de funcionários, as organizações deveriam adotar um código interno de conduta. Com regras claras de vestimenta, maquiagem, cabelos, barba e tudo que estivesse relacionado a imagem e ao comportamento das pessoas. Isso evitaria enormes problemas futuros com a imagem e daria mais credibilidade”, finaliza.