Por Ben Wigert, Ph.D. e Sangeeta Agrawal
O trabalho híbrido oferece novas vantagens para trabalhadores individuais, mas e quanto à produtividade da equipe?
O futuro da produtividade da equipe para a maioria dos trabalhadores com capacidade para trabalhar remotamente depende de aprender a colaborar de forma mais eficaz em um local de trabalho híbrido.
Quando as equipes estão fisicamente distantes e em horários diferentes, o trabalho em equipe fica mais difícil de coordenar e parcerias produtivas são mais difíceis de cultivar.
Uma pesquisa da Gallup, realizada a partir de um estudo nacionalmente representativo de 2.877 trabalhadores híbridos nos EUA, revela oportunidades de melhoria nos planos, práticas, feedback e treinamento de equipes híbridas.
Os empregadores podem ajudar a aumentar a produtividade das equipes híbridas por meio de quatro etapas baseadas nesta pesquisa:
1. Planeje o sucesso
Metade dos trabalhadores híbridos (48%) faz parte de uma equipe que não discutiu um plano informal ou formal sobre como colaborar efetivamente em um ambiente híbrido.
Políticas de trabalho híbrido em toda a organização que definem quando os funcionários podem trabalhar de casa são vitais para definir expectativas claras para o trabalho remoto. No entanto, as políticas por si só não promovem um trabalho em equipe forte e culturas organizacionais.
“É preciso trabalhar para fazer as pessoas interagirem no escritório. Não é puramente orgânico. Estrutura e atividade planejada são necessárias”, disse um gerente altamente engajado à Gallup.
Equipes híbridas precisam de um plano para trabalhar juntas de forma eficaz. Um plano ajuda os colegas de equipe a saber o que esperar uns dos outros e o que é esperado deles. Ele também equilibra as necessidades da equipe em um ambiente onde a autonomia individual pode sobrepujar prioridades que não são explicitamente definidas.
Enquanto metade dos trabalhadores híbridos não tem um plano acordado para navegar no trabalho em equipe híbrido, aqueles que têm experimentam melhorias tanto na colaboração da equipe quanto em seu próprio engajamento no trabalho. Ter um plano para colaboração híbrida resulta em funcionários sendo:
- 2,2 vezes mais probabilidade de dizer que a política híbrida de sua organização tem um impacto extremamente positivo na colaboração de sua equipe
- 66% mais probabilidade de estar envolvido no trabalho
- 29% menos probabilidade de ficar esgotado
Contribuidores individuais são mais propensos a não ter um plano para colaboração híbrida (51% sem plano) do que seus gerentes (46%) e líderes (39%), mostrando lacunas em quão bem o trabalho híbrido é organizado em todas as organizações. Essas disparidades também podem refletir como as funções que exigem níveis complexos de colaboração de liderança precisam especialmente de um trabalho em equipe híbrido bem orquestrado.
Frequentemente chamados de “estatutos de equipe”, os planos para trabalho em equipe híbrido devem incluir a missão, as metas, os pontos fortes e as formas de trabalho acordados pela equipe.
2. Coordenar a colaboração híbrida
O que um plano de trabalho em equipe híbrido deve incluir?
Entre os trabalhadores cuja equipe tem um plano para melhorar a colaboração híbrida, as práticas a seguir são as mais comumente usadas, com todas elas mostrando algum benefício para o engajamento dos funcionários.
Reuniões de check-in de equipe programadas regularmente (67%) estão no topo da lista de melhores práticas, indicando que dois terços (67%) dos trabalhadores híbridos cuja equipe tem um plano para colaboração híbrida têm a oportunidade de otimizar a forma como coordenam o trabalho com seus colegas de equipe.
Dado que a maioria dos trabalhadores híbridos relata ter essa oportunidade de se conectar regularmente com os colegas de equipe, a pergunta de acompanhamento é: “O que devemos discutir durante as reuniões de equipe?”
As próximas práticas mais comuns são ter diretrizes sobre quando estar disponível durante o horário de trabalho (62%) e diretrizes para comunicar períodos de indisponibilidade (50%). De todas as práticas estudadas, essas duas diretrizes têm o maior impacto sobre o quanto a política híbrida de uma equipe melhora sua colaboração.
Um pouco menos prevalentes são as diretrizes sobre a frequência de trabalho no local (44%) e as diretrizes sobre os dias específicos em que eles precisam estar no local (34%). Indivíduos que disseram que sua equipe segue essas práticas relatam principalmente que elas foram definidas por sua organização, com base em respostas a um item de pesquisa separado perguntando sobre a natureza da política híbrida de sua equipe. Essas descobertas indicam que as equipes híbridas não estão normalmente adicionando seus próprios requisitos de presença no local além das políticas de toda a organização.
A prática menos comum é fornecer diretrizes para priorizar atividades específicas para focar enquanto estiver no local (29%). Esta é uma oportunidade significativa para melhoria, dada a pesquisa anterior da Gallup demonstrando os benefícios de usar o tempo no local para focar em atividades que são mais difíceis quando fisicamente separados, como colaboração, feedback e formação de equipe.
Pode ser desanimador ir ao escritório e passar o dia sozinho. O estudo atual da Gallup se baseia em pesquisas anteriores ao mostrar que as diretrizes para priorizar certas atividades de alto valor enquanto se trabalha no local tinham mais probabilidade de aumentar o engajamento dos trabalhadores híbridos do que qualquer outra prática examinada.
3. Refletir e adaptar
Planos e melhores práticas têm efeito limitado até que se tornem parte da rotina de uma equipe. Embora check-ins regulares de equipe sejam frequentemente usados para coordenar a logística do trabalho híbrido, as equipes também devem refletir sobre as lições aprendidas e como os membros da equipe podem trabalhar melhor juntos daqui para frente.
Por isso, perguntamos aos trabalhadores híbridos com que frequência sua equipe se reúne para discutir o trabalho híbrido e como melhorá-lo.
Entre os trabalhadores cuja equipe tem um plano de colaboração híbrida, 22% têm discussões semanais ou mensais sobre trabalho em equipe híbrido, 36% têm discussões periódicas trimestrais ou algumas vezes por ano, e 42% têm discussões anualmente, menos de uma vez por ano ou nunca.
Em outras palavras, três em cada cinco trabalhadores híbridos têm alguma forma de discussão contínua ao longo do ano sobre como melhorar o trabalho em equipe híbrido, o que se traduz em 84% melhor colaboração em equipe e 50% mais engajamento dos funcionários. Por meio de feedback de rotina e resolução de problemas, essas equipes híbridas aprendem a refletir e se adaptar juntas.
Como um trabalhador híbrido compartilhou, “Ter reuniões presenciais regulares, semanais ou mensais, é útil para criar harmonia e oportunidades de colaboração”.
Em contraste, dois em cada cinco trabalhadores híbridos discutem o trabalho em equipe híbrido apenas uma vez por ano ou menos, o que faz com que eles se concentrem principalmente em alinhar seus hábitos de trabalho ao seu estilo de trabalho preferido, com pouca atenção a como essa flexibilidade pessoal afeta a eficácia de sua equipe.
Para equipes híbridas que não têm um plano híbrido em primeiro lugar — o que representa cerca de metade dos trabalhadores híbridos — discussões sobre como melhorar o trabalho em equipe híbrido são raras. Setenta e cinco por cento dos indivíduos nessas equipes sem um plano relatam discutir o trabalho em equipe híbrido uma vez por ano ou menos.
Simplificando: nenhum plano para melhorar o trabalho em equipe significa nenhuma melhoria para equipes híbridas.
4. Melhorar as habilidades
Atualmente, apenas 21% dos trabalhadores híbridos receberam treinamento obrigatório ou opcional sobre como trabalhar efetivamente em um ambiente de trabalho híbrido. Os gerentes que lideram esses indivíduos não estão muito melhores: apenas 28% dos gerentes híbridos são treinados por sua organização para liderar uma equipe híbrida.
Planos e melhores práticas para elevar o trabalho em equipe são mais eficazes quando as organizações ensinam as pessoas a trabalhar de forma diferente. Trabalhadores híbridos precisam aprender individual e coletivamente como aproveitar ao máximo o trabalho híbrido enquanto se adaptam aos seus desafios.
Se os líderes querem que suas equipes híbridas tenham sucesso, eles devem ser treinados para trabalhar juntos de forma mais eficaz em um ambiente híbrido. E essa qualificação para trabalhadores híbridos deve começar com o treinamento e o suporte de seus gerentes.
A Gallup descobriu que ter um gerente eficaz resulta em quatro vezes mais engajamento e bem-estar dos funcionários, independentemente da frequência com que trabalham remotamente.
Re-imagine o trabalho em equipe híbrido
Equipes híbridas podem ser equipes de alto desempenho, mas precisam de orientação e treinamento. A pesquisa da Gallup destaca o que as melhores equipes híbridas fazem de diferente: tanto os membros da equipe quanto os gerentes recebem treinamento sobre colaboração em um ambiente híbrido. A equipe cria um estatuto — distinto da política corporativa — que define como os membros trabalham melhor juntos. Os membros da equipe se reúnem regularmente e se comunicam claramente sobre sua disponibilidade. Quando estão no local, eles priorizam atividades de colaboração e formação de equipe. Por fim, eles agendam check-ins contínuos para avaliar e melhorar sua experiência de trabalho híbrido.
Nada disso acontece organicamente, especialmente quando os membros da equipe mudam de função e a colaboração multifuncional adiciona complexidades para equipes matriciais. Em última análise, cabe aos líderes fazer as equipes híbridas funcionarem. A produtividade da força de trabalho híbrida de amanhã depende disso.
Estre artigo foi traduzido livremente por Kleber Alves.
