Trabalhar de casa, no conforto do sofá ou daquele home office, sempre pareceu ser o melhor dos mundos. De um lado, o empregado que não precisa se deslocar e a depender da função ter horários flexíveis. Do outro, a empresa que via vantagens até… ver a cultura se perdendo e os problemas aparecendo.
Diante desse quadro, a relação ficou abalada e muitas empresas viram a necessidade da volta ao trabalho presencial, que se tornou o novo desafio do RH.
Neste artigo, exploraremos os principais obstáculos da retomada da rotina no escritório, as recomendações de especialistas em Recursos Humanos (RH) e estratégias para manter o interesse dos talentos e da cultura empresarial.
De volta pro meu aconchego, ops, trabalho presencial?
Um levantamento feito pela consultoria Robert Half apontou que 24% dos entrevistados não cogitam seguir na mesma empresa, caso essa optasse pelo trabalho 100% presencial. Os dados foram divulgados em abril deste ano.
São dados que assustam e levantam a questão sobre esse modelo que já existia antes da pandemia e que ganhou força no período em que fomos ‘obrigados’ a trabalhar de forma remota.
O que se ouve no momento do recrutamento e da seleção são afirmações sobre a importância da flexibilidade.
Há quem fale da dificuldade de ter apoio de familiares para cuidar das crianças. Ou ainda quem não quer enfrentar o trânsito para chegar a empresa. Ou mesmo da pressão do chefe, que ao invés de aumentar a produtividade acaba por criar uma apatia.
Porém, há outros pontos a serem avaliados diante das pressões do mercado e da sociedade para a retomada plena das atividades presenciais, essa decisão deve ser embasada na realidade da organização.
É bom destacar que essa volta deve ser consensual. Ou seja, tudo deve ser conversado e acertado de forma antecipada, inclusive avaliar a convenção trabalhista e outros acordos prévios. O que põe em destaque a importância da comunicação interna.
Principais desafios da liderança e o RH
Existem desafios importantes a serem enfrentados. Estes exigirão habilidade e capacidade de lidar com o inesperado por parte da liderança e do RH.
1. A humanização da liderança
O líder precisará entender que as pessoas estão voltando de um momento de dor e angústia. Alguns colaboradores, podem ter perdido entes queridos devido à Covid-19 ou mesmo terem desenvolvido algum tipo de transtorno.
A sua liderança humanizada é necessária para mostrar a importância deles para o sucesso da empresa. Isso não significa utilizar de sentimentalismo, mas de empatia e respeito, nesse momento de retorno ao ambiente corporativo.
2. Burnout
O desgaste emocional, provocado pelo medo, incerteza e um longo tempo isolados, originou alguns problemas, como a Síndrome de Burnout. (inserir o link do artigo: https://grupoeducavix.com.br/sera-que-eu-tenho-burnout)
Nesse retorno, a liderança deve ter cuidado para não exigir demais, considerando as diferenças entre o home office e o ambiente do escritório.
É interessante observar aqui um aspecto relacionado ao recrutamento e seleção para funcionários que foram escolhidos para trabalhar no home office e agora se veem obrigados a voltar para o presencial.
Muitas vezes, eles têm uma personalidade de pessoas introvertidas e com dificuldade de se relacionar e, portanto, criam essa barreira da volta ao presencial.
3. Atenção na comunicação interna
Com o isolamento, as conversas diárias com reuniões presenciais deram lugar aos chats, videochamadas e ligações telefônicas.
Na volta ao presencial, a comunicação interna deve ser estratégica para ser assertiva e aumentar a produtividade das equipes.
4. Saúde e Segurança
Garantir um ambiente de trabalho seguro é a prioridade número um. Distanciamento social, medidas de higiene e protocolos de saúde devem ser implementados ou até retomados.
Da mesma forma se observa a questão dos cuidados psicológicos. Acompanhar aqueles funcionários mais ‘resistentes’ pode ser uma medida importante.
5. Equilíbrio Trabalho-Vida
A transição pode causar estresse, uma vez que muitos se acostumaram com a flexibilidade do home office. Encontrar um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal é crucial.
Daí, a discussão sobre o trabalho de 4 dias, em teste em alguns países. Mas isso é assunto para um outro artigo.
Ok, e o que fazer então?
A recomendação dos especialistas em RH, envolve um leque de pequenas ações a serem implementadas e avaliadas periodicamente – mensal, bimestral e até anual. Confira.
- Comunicação transparente: Manter os funcionários informados sobre os planos de retorno, medidas de segurança e mudanças na política da empresa.
- Flexibilidade gradual: Considerar um retorno gradual, permitindo trabalho híbrido ou dias escalonados, para ajudar os colaboradores a se ajustarem.
- Apoio ao Bem-Estar: Oferecer suporte emocional e recursos para lidar com o estresse e a ansiedade da transição.
Mantendo o interesse dos talentos e reduzindo o turnover
Essa é outra dor muito presente no momento do recrutamento e da seleção e que impacta os gestores de RH.
Algumas soluções estão sendo testadas com sucesso. Como:
- Benefícios flexíveis: Oferecer benefícios que se adaptam às necessidades dos funcionários, como horários flexíveis e opções de trabalho remoto.
- Desenvolvimento profissional: Investir em treinamentos e oportunidades de crescimento para mostrar que a empresa valoriza o desenvolvimento de suas habilidades.
- Ambiente inspirador: Criar um ambiente de trabalho estimulante, promovendo a colaboração e proporcionando espaços de relaxamento.
E como fica a cultura da empresa?
Eis um dos entraves observados pelos líderes e RH. Com as atividades online, a cultura da empresa, em grande parte dos casos, se perde e tanto os novatos e os mais experientes, acabam esquecendo da cultura da empresa.
Sabemos o quanto isso faz a diferença e algumas saídas têm contribuído para resgatar e incutir nos recém-contratados que continuarão atuando à distância.
São elas:
- Eventos e atividades presenciais: Realizar eventos presenciais, como workshops e happy hours, para manter a interação entre os funcionários e fortalecer os laços.
- Liderança exemplar: Os líderes devem demonstrar entusiasmo pela cultura da empresa e estar engajados na interação com os colaboradores.
- Histórias compartilhadas: Manter histórias e tradições da empresa vivas, mesmo após o retorno ao escritório, para fortalecer a identidade corporativa.
Conclusão
A volta ao trabalho presencial apresenta desafios, mas também oportunidades de fortalecer a cultura empresarial e promover o bem-estar dos colaboradores.
A adoção de uma abordagem flexível, comunicação clara e estratégias que valorizam o desenvolvimento profissional, cria um ambiente de trabalho positivo e produtivo.
Lembre-se: a chave é equilibrar as necessidades dos negócios com o bem-estar dos funcionários. E no momento do recrutamento e seleção, conte com o Grupo Educavix.
Fontes:
Você RH de agosto/setembro 2023
https://simcarreira.com.br/como-reter-talentos-em-um-mundo-pos-pandemia/
https://paraempresas.catho.com.br/retorno-ao-trabalho-presencial/