Mulheres, carreira e liderança: os desafios da atualidade

Se reinventar, mudar de área e de ares, equilibrar a balança entre a vida pessoal e profissional, ser líder, enfrentar o preconceito. Ufa! Essas são algumas das inúmeras tarefas das mulheres.

Nesse artigo, vamos falar mais sobre a liderança e os desafios das mulheres na atualidade. Mas esse também é um assunto para os homens.

Desafios históricos

Não é preciso ir longe para ver que na história, as mulheres sempre sentiram que os desafios para elas eram maiores.

De exaustivas jornadas de trabalho como operárias em fábricas no início da industrialização, passando pelo árduo trabalho no campo de sol a sol ou ainda pleiteando cargos na política fazem parte dessa jornada que está em livros, documentários e filmes.

Porém, mesmo com todos esses relatos e as conquistas iniciadas com a marcha de 15 mil mulheres em Nova Iorque, no ano de 1908, exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto, mais de 100 anos depois ainda há muitos desafios.  

Mudar para viver

E talvez o maior deles esteja no de se encaixar nas oportunidades do mercado de trabalho, especialmente, quando essa mulher tem o perfil de liderança, mas precisa mudar o rumo da carreira para viver mais, melhor e ver os filhos crescerem. Esse foi o caso da CEO do Grupo Educavix, Luciana Roberty.

Com pouco mais de 30 anos, dois filhos, marido e uma promissora carreira na área de comunicação, com passagens por campanhas políticas, instituições do terceiro setor, multinacionais, ela se viu no ano de 2016, diante do que talvez tenha sido o seu maior desafio: um câncer de mama.

“Eu estava realizada na minha profissão, com dois filhos pequenos – a caçula ainda sendo amamentada – mas precisei parar e olhar pra mim, para minha família e ressignificar tudo aquilo”, relembra emocionada.

Luciana conta que enfrentou vários desafios durante o tratamento da doença e viu que era hora de abandonar a profissão que tanto amava e seguir a veia que pulsava fortemente em sua família e na do sócio e esposo, Kléber Alves: a do empreendedorismo.

Da experiência vívida com a doença, floresceu um diferencial no grupo empresarial. “Eu faço questão de termos mulheres que são mães dentro da empresa, porque o resultado é impressionante. Eu me coloco no lugar delas e elas no meu, e assim nos ajudamos”, conta.

Liderança feminina é diferente

A história da Luciana e de tantas outras mulheres que equilibram a vida pessoal e profissional mostra o quanto elas precisam ser líderes. E quando falamos de liderança feminina é diferente.

Com 20 anos de carreira e atualmente presidente da ABRH-ES, Neidy Christo, destaca como as mulheres superam e transformam adversidades no ambiente corporativo. “Essas barreiras acabam levando-as a uma colaboração mais ativa, há mais empatia e uma comunicação interpessoal”.

Ainda nessa linha, Neidy avalia que a liderança humanizada exercida por muitas mulheres é fruto de tudo que vivenciaram em suas carreiras, sendo um dos caminhos para melhoria de relacionamento, aumento de produtividade, diminuição de conflitos.

“Há uma tendência, muitas vezes impulsionada pela sensibilidade feminina, de se atentar mais as emoções dos colaboradores na busca por soluções que promovam o bem-estar de todos. É importante ressaltar que, embora haja uma predisposição nas mulheres para esse tipo de abordagem, também há homens que compartilham desse perfil mais empático e humano”, diz Neidy.

Perfil

Segundo ela, os dados de 2022, do IBGE apontam que ainda há uma disparidade grande de homens ocupando vagas de trabalho – 66,3% -, e as mulheres – 46,3% -, mesmo com elas mais presentes nas empresas.

Já na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2022, constata-se que há cerca de 90 mil mulheres, entre 14 anos – caso de menor aprendiz – ou mais no mercado de trabalho, ocupando 41 mil vagas.

De outro lado, temos 83 mil homens nessa mesma faixa etária com 55 mil atuantes na força de trabalho. São menos homens disponíveis, porém ocupando mais vagas.

Neidy avalia que esses dados evidenciam a persistência de preconceito em certas circunstâncias, resultando na menor participação dessas mulheres no mercado de trabalho.

Já olhando para as lideranças, a proporção de vagas ocupadas por elas é ainda muito menor. A participação feminina como CEO e líderes de conselhos, não chega a 20% tanto no mercado mundial como nacional.

Por outro lado, a boa notícia é que há empresas nacionais fazendo contratações afirmativas, ou seja, dando oportunidade só para mulheres a fim de diminuir toda essa trajetória fruto de uma sociedade ainda paternalista e machista.

“Estamos conscientes de que há um longo caminho a percorrer. Avançamos gradualmente em direção a melhorias, buscando alcançar a equidade e a igualdade para superar as disparidades observadas em todo o mundo”, avalia a presidente.

Discriminação latente

Um exemplo de como a discriminação da mulher ainda lateja está nesse caso, relembrado por Neidy Christo.

Uma orquestra sinfônica de Chicago estava em um processo seletivo de músicos e para que não houvesse discriminação, optou-se pela seleção às cegas. Ou seja, não se via o candidato.

O que mais chamou atenção é que mesmo não vendo as candidatas, mas sendo possível escutar o barulho do salto dos sapatos, elas não eram escolhidas.

Diante disso, os recrutadores decidiram pedir para que os músicos entrassem descalços no palco. E acredite, a partir daí uma variedade de mulheres foram contratadas.

“Este exemplo nos revela que, embora muitas empresas declarem abertamente que não têm problemas em contratar mulheres, os vieses inconscientes, enraizados em mensagens ouvidas desde a infância, podem atuar como bloqueios, dificultando as oportunidades para as mulheres”, destaca ela.

Um relatório do Fórum Econômico Mundial sobre as desigualdades de gênero do ano de 2022, afirma que no setor de infraestrutura, elas ocupam apenas 16% das vagas.

O mesmo se repete em áreas como manufatura, energia, transporte, tecnologia, com menos de 25% do mercado de trabalho e na liderança.

Por outro lado, há setores com a participação quase dividida igualmente, a exemplo de 47% nos setores de organizações sem fins lucrativos.

O mesmo na educação, com muitas professoras alcançando cargos de diretoria de escolas e outras funções de liderança, bem como nos serviços de saúde, bem-estar, social e cuidados.

Porque a liderança feminina é diferente

Contudo, diante de tal cenário, o que ocorre quando uma empresa é liderada por mulheres? Neidy destaca que “quanto maior a presença feminina na liderança, maior será a probabilidade de assertividade e ganhos.”

Ela exemplificou com o case de uma indústria que contratou uma gestora. “Em certo dia, ao notar mulheres retirando leite materno no banheiro feminino para seus filhos em casa, a gestora agiu. Ela colaborou com o RH para criar um espaço dedicado a esse ato tão importante.”

“É essa sensibilidade feminina que pode não só ajudar outras mulheres, mas também contribuir para o bem-estar de todos os trabalhadores e, por conseguinte, para o sucesso das organizações.”

Na posição de presidente da ABRH-ES, Neidy Christo revela que as 21 seccionais espalhadas pela Brasil e a ABRH Brasil estão sempre comprometidas com projetos de diversidade, equidade e inclusão. Isso se reflete nos congressos, eventos e grupos de estudo conduzidos pela Associação.”

Para Neidy que é administradora, mestre e doutoranda em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo, e mãe de uma jovem mulher, houve um aumento da percepção positiva das empresas. No entanto, ainda há um percurso para se conseguir a essa equidade, equiparidade de oportunidade entre homens e mulheres.

 Se estamos em busca de um ambiente justo e igualitário, onde as pessoas são avaliadas com base em suas competências, entregas e resultados, e não por qualquer outra consideração irrelevante, precisamos como sociedade, governo e empresas privadas agir assertivamente para que injustiças não aconteçam. É importante destacar que ninguém está pleiteando por contratação ou promoção simplesmente por ser mulher, mas sim pelo reconhecimento de nossa competência, que muitas vezes é até superior, dado o empenho das mulheres em seus estudos. No entanto, muitas vezes, essa oportunidade é negada única e exclusivamente pelo gênero. Isso não é justo para ninguém”, finaliza.

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Kleber Alves

Sócio Fundador do Grupo Educavix Diretor de Negócios e Expansão

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