Dominar ou ser dominado: eis a questão quando se trata de inteligência emocional.
Você pode ter um ótimo currículo, formação sólida e bons resultados no passado, mas se não souber lidar com pressão, pessoas difíceis, mudanças e frustrações, sua trajetória pode estagnar, ou até retroceder.
Do outro lado, o empregador precisa saber que profissionais sem domínio de suas emoções podem mais atrapalhar do que contribuir para a empresa.
Como psicóloga clínica e organizacional da Educavix, Daniely de Oliveira, observa diariamente como a forma de lidar com as emoções impacta diretamente a saúde mental, a qualidade das decisões e o desempenho profissional.
Para começar
“Falar sobre inteligência emocional virou moda. Mas o que eu vejo, na prática, é que ainda tratamos o tema como algo ‘legal de desenvolver’ e não como urgente e essencial”, enfatiza Daniely.
Em consultorias, nas empresas e em processos de liderança, ela conta que o padrão se repete: pessoas com bagagem técnica incrível travando por não saber lidar com críticas, rejeições, frustrações ou desconfortos.
“Não é a emoção que bloqueia. É a ausência de preparo emocional para reconhecê-la e conduzi-la com clareza. Mudança emocional não acontece apenas com teoria. Ela exige prática, consistência e um compromisso real com escolhas conscientes principalmente quando tudo parece convidar à repetição dos mesmos padrões”, reforça a psicóloga, com mais de 13 anos de atuação integrada entre o ambiente terapêutico e o corporativo.
Ela complementa, lembrando que isso vale para a vida como um todo, não só para o trabalho. A forma como lidamos com o que sentimos define a qualidade das nossas relações, das nossas decisões e até da forma como enxergamos a nós mesmos.
A seguir, compartilhamos os principais pilares da inteligência emocional, aplicados pelos profissionais e, também abordados pelo psicólogo e autor do livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman — com aplicações práticas que você pode, e deve, utilizar no dia a dia profissional.
Autoconsciência: entenda o que sente antes de agir
Quem não sabe nomear o que sente, acaba se guiando no escuro.
Está mal? Ou está decepcionado?
Está irritado? Ou se sentindo desvalorizado?
Quanto mais específica a sua percepção emocional, mais intencional sua resposta.
Na prática:
- Entender o que te desmotiva evita decisões impulsivas;
- Reconhecer padrões emocionais melhora sua performance e foco.
Reflexão: Quais emoções se repetem nas minhas semanas mais difíceis? E o que elas tentam me mostrar?
Autorregulação: entre o impulso e a resposta, mora a inteligência
Sentir raiva, frustração ou insegurança é natural. O que diferencia profissionais maduros é a capacidade de não agir no impulso.
Respirar, pausar e escolher conscientemente o que fazer é uma prática e pode ser aprendida.
Na prática:
- Evitar embates desnecessários;
- Reduzir arrependimentos causados por reações precipitadas;
- Sustentar sua imagem profissional com coerência.
Reflexão: Qual situação recente eu reagiria diferente, se pudesse voltar no tempo?
Motivação emocional: o que te move quando ninguém está olhando
Pessoas emocionalmente inteligentes são movidas por propósito. Elas não agem só por cobrança ou recompensa, têm clareza do impacto do que fazem.
Na prática:
- Mais persistência diante de obstáculos;
- Foco mesmo quando o ambiente não favorece.
Reflexão: O que no meu trabalho ainda conversa com o que eu valorizo?
Empatia: a escuta que constrói vínculos e evita conflitos
Empatia é perceber o que o outro sente, mesmo que ele não diga. É escutar além das palavras e se comunicar sem desconsiderar o emocional do outro.
Na prática:
- Melhor comunicação em equipe;
- Liderança mais humanizada;
- Redução de conflitos e ruídos.
Reflexão: Tenho escutado para entender ou só para responder?
Habilidades sociais: a inteligência emocional em ação
Essa é a parte visível da sua inteligência emocional. Como você dá feedbacks. Como se posiciona. Como lida com desacordos. Como se comunica nos momentos difíceis.
Na prática:
- Construção de relações de confiança;
- Comunicação assertiva com respeito;
- Clima organizacional mais saudável.
Reflexão: Como as pessoas se sentem depois de interagir comigo?
Por que tudo isso importa no ambiente de trabalho?
Porque não é o QI que define quem cresce. É a capacidade de lidar com pressão, diferenças, mudanças, frustrações e pessoas difíceis sem perder o eixo, o respeito e a clareza.
Profissionais com alta inteligência emocional recebem feedbacks com maturidade, se adaptam com velocidade, mantêm foco mesmo sob pressão, constroem relações de confiança e tomam decisões menos impulsivas.
E são justamente esses comportamentos que lideranças observam na hora de promover, confiar ou reter alguém.
Inteligência emocional não é um diferencial
É uma base, garantindo consistência nas decisões, firmeza diante da pressão e conexão verdadeira nos relacionamentos.
Em um mundo de mudanças rápidas e cobranças constantes, ela se tornou indispensável. Não só para crescer, mas para sustentar esse crescimento sem se perder de si.
As empresas já compreenderam isso. Por isso, essas competências vêm sendo cada vez mais determinantes em decisões de contratação, promoção e retenção.
Quem cuida das emoções, constrói por dentro as bases de uma carreira consistente.
Empregador, sente que precisa cuidar dessa base para você e sua equipe, converse conosco