No mundo do trabalho atual, onde a pressão por resultados é constante e a inovação não para de acontecer, as empresas começam a olhar com mais atenção para um fator essencial que garante um ambiente produtivo e saudável: a segurança psicológica.
Este conceito é mais do que um termo de moda corporativa – ele é um fator que pode transformar o clima organizacional, a saúde mental das pessoas e até os resultados do negócio.
Aqui, trouxemos insights e orientações de Daniely Oliveira, recrutadora do Grupo Educavix, psicóloga e especialista em Gestão de Pessoas, Avaliação Psicológica e Terapia Cognitivo-Comportamental, com mais de 13 anos de experiência em desenvolvimento humano.
A psicóloga acredita que um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam seguras para se expressar é a base para que a empresa cresça de forma sustentável e as equipes se sintam valorizadas.
Ela aponta que o erro muitas vezes é encarado como falha, e não como uma oportunidade de aprendizado, o que impacta tanto a confiança entre as pessoas quanto a inovação.
O que é segurança psicológica?
Na visão da especialista, é a criação de um espaço onde os colaboradores se sintam confortáveis para compartilhar ideias, dificuldades e até para assumir riscos sem o medo de serem julgados.
E não se engane, essa segurança vai muito além de um ambiente “sem críticas”. É a base para que todos trabalhem com mais transparência, dividindo suas experiências, conquistas e também suas dificuldades.
“As empresas que investem em segurança psicológica constroem uma cultura de escuta ativa, onde cada voz tem valor e o erro é visto como uma chance de crescer”, explica.
Segundo ela, a chave é permitir que as pessoas falem sem medo, e é aí que começa a transformação da cultura organizacional.
Segurança psicológica como base para inovação e engajamento
Empresas de sucesso, como Google e Pixar, já identificaram há anos que um dos fatores centrais para o bom desempenho das equipes é justamente essa segurança. E isso não é à toa!
Quando o ambiente é seguro, as pessoas se sentem mais engajadas e dispostas a contribuir com novas ideias, sabendo que sua opinião será respeitada.
Daniely afirma que “sem segurança psicológica, as pessoas se retraem, têm receio de sugerir mudanças e se tornam mais fechadas, evitando qualquer situação que possa parecer um conflito”.
Em um cenário assim, a inovação e o crescimento ficam prejudicados, e os colaboradores, muitas vezes, entram em um modo de “quiet quitting” – trabalham apenas o básico, sem engajamento ou motivação para ir além. Já observou isso na sua empresa?
Como promover a segurança psicológica
O papel do líder é essencial para criar esse tipo de ambiente. A especialista destaca que “o líder é quem define o tom e, mais que isso, a confiança que a equipe sente para se expressar livremente”.
Líderes que são acessíveis, que praticam a escuta genuína e que demonstram empatia, abrem espaço para que o time se sinta seguro e para que as conversas sejam autênticas e construtivas.
Daniely explica que os mais empáticos conseguem equilibrar a pressão por resultados com o acolhimento das dificuldades da equipe, mostrando que todos são humanos e falíveis.
Esse equilíbrio entre apoiar e desafiar as pessoas traz benefícios visíveis ao clima da equipe e ao desempenho dos colaboradores.
Segundo estudos da McKinsey & Company, líderes que oferecem tanto apoio quanto desafios positivos têm 72% dos seus colaboradores percebendo o ambiente como saudável.
Por outro lado, onde a liderança não oferece apoio nem desafios, esse percentual cai para 27%. Esses números são um forte indicativo do impacto que um ambiente seguro e equilibrado traz para o engajamento e a produtividade.
Autocuidado na liderança
Outro ponto destacado por Daniely é que a segurança psicológica precisa partir de uma liderança humanizada, que também se cuida para conseguir cuidar do time. Muitas vezes, as pressões e responsabilidades do cargo acabam levando o líder ao esgotamento.
“Quem cuida da saúde mental dos líderes?”, questiona ela. Para a psicóloga, liderar exige autocuidado constante; afinal, líderes estressados ou esgotados dificilmente conseguem construir uma relação de confiança com seus times.
Assim como a equipe, o líder também precisa ter apoio emocional e recursos para lidar com o estresse e a pressão. Ao reforçar essa necessidade, ela indica que a liderança precisa começar a valorizar o seu próprio bem-estar para conseguir passar esse valor aos demais.
Isso não é assistencialismo, mas um investimento que promove uma cadeia de bem-estar e produtividade que favorece a empresa como um todo.
A transformação cultural e os benefícios para a empresa
No fundo, o processo de criar uma cultura de segurança psicológica é uma transformação cultural profunda. Empresas que incentivam o bem-estar e o diálogo franco colhem resultados melhores em inovação, clima organizacional e produtividade.
Além disso, quando a empresa se torna um espaço seguro para o crescimento e o desenvolvimento, os colaboradores se sentem conectados e pertencentes, reduzindo a rotatividade e aumentando o engajamento.
Ela reforça que “a segurança psicológica é um pré-requisito para a diversidade e inclusão nas empresas. Sem ela, as pessoas não se sentem livres para expressar suas identidades, e esses valores acabam sendo meras palavras na parede”.
Investimento para o futuro
Daniely Oliveira resume a segurança psicológica como um compromisso de longo prazo que precisa estar na essência da empresa, não apenas como uma prática isolada. “O futuro das empresas depende de ambientes saudáveis e humanizados. Cuidar da segurança psicológica é, no fundo, cuidar do sucesso coletivo”, afirma.
Quando as empresas se comprometem em criar essa base de confiança e respeito, elas investem em um ambiente mais colaborativo e produtivo, onde os desafios se tornam oportunidades de aprendizado e as equipes trabalham de forma unida e focada.
No final, é este ambiente que cria um diferencial competitivo sustentável, onde inovação e bem-estar andam de mãos dadas.
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