Sabe quando o mês é mais longo que as contas para pagar e um serviço extra vai bem para liquidar os boletos? Mais comum do que imaginamos, essa tendência do trabalho extra ganhou um nome, digamos, chique, no cenário contemporâneo: Polywork.
E esse cenário ainda é motivo de debates em muitas organizações. Afinal, isso afeta a produtividade na empresa? Continue a leitura e entenda mais sobre essa tendência da geração Z que está redefinindo o mercado de trabalho.
Múltiplos
O termo combina “poly” (muitos) e “work” (trabalho), sugere a ideia de engajamento em múltiplos projetos ou atividades profissionais simultaneamente.
Diferente da carreira tradicional, onde se espera que o indivíduo se especialize e se dedique exclusivamente a uma única profissão, o polywork traz o conceito do profissional explorar diversas áreas de interesse ao mesmo tempo.
Por exemplo, alguém pode trabalhar como desenvolvedor de software durante o dia, atuar como consultor de marketing digital à noite e dedicar seu tempo livre a um projeto criativo pessoal, como ser músico e rentabilizar em todos eles.
Além disso, este formato não se limita às fronteiras tradicionais de emprego remunerado. Ele abrange trabalho voluntário, projetos de paixão pessoal e empreendedorismo.
Para os especialistas essa abordagem permite a construção de um portfólio diversificado de experiências e conquistas ao longo de suas carreiras, em vez de se restringir a um único caminho pré-determinado.
“Isso não só enriquece a vida profissional, mas também oferece uma maior realização pessoal”, avalia o gestor de carreiras do grupo Educavix, Kleber Alves.
Tendência da geração Z
E como falamos no início desse artigo, a geração Z, nascidos entre 1997 e 2010 e que já foi tema aqui, tem adotado esta forma de trabalho de maneira significativa.
E isso se deve a várias características e valores. Diferente das gerações anteriores, que priorizavam a estabilidade e a segurança no emprego, a geração Z valoriza a liberdade e a flexibilidade.
Eles preferem explorar seus interesses e paixões em vez de se prender a uma única carreira tradicional, por isso se destacam pela mentalidade empreendedora.
Dentro desse hemisfério, vê-se que eles cresceram e dominam o mundo digital e com facilidade criam e acessam informações e oportunidades. Isso os torna mais propensos a adotar formas não convencionais de trabalho.
Com a capacidade de colaborar remotamente em projetos diversos ao redor do mundo, capitalizam essa conectividade para criar carreiras mais ricas e variadas.
Nesse conjunto, o polywork reflete uma abordagem mais inclusiva. Assim, as oportunidades são baseadas em habilidades e interesses, independentemente da formação educacional ou experiência prévia.
Redefinição
Com toda as características e valores citados anteriormente, era de se esperar mudanças, que por sinal são sempre bem-vindas. Afinal, se não fossem as transformações trazidas geração após geração, ainda estaríamos nos tempos da revolução industrial ou até mesmo na idade média.
Mesmo sendo um desafio para as organizações – e vamos falar disso também – é preciso entender que o colaborador está a cada turno em uma atividade diferente, e que o polywork traz benefícios.
- Versatilidade e Adaptação: Valoriza a capacidade de se adaptar a diversos contextos e desafios, criando oportunidades para trabalhadores multidisciplinares que trazem uma série de habilidades e perspectivas para o local de trabalho.
- Flexibilidade no emprego: O modelo mais flexível permite que as pessoas escolham projetos alinhados aos seus interesses e metas, levando a uma maior satisfação no trabalho e um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Aliado a isso temos a redução do turnover.
- Desenvolvimento de habilidades: Imagine que esse profissional adepto do polywork tem contato com múltiplos mundos, portanto são mais versáteis e valiosos no mercado de trabalho. Essa abordagem também incentiva a aprendizagem contínua e a adaptação as novas tecnologias e métodos de trabalho.
- Inovação e criatividade: Ao se envolverem em múltiplos projetos, os profissionais podem trazer novas ideias e abordagens para suas atividades. Isso pode levar a uma maior inovação e criatividade no local de trabalho, unindo gerações.
Desafios
E como nem tudo são flores, o polywork pode trazer desafios para as empresas e os profissionais.
- Burnout: Embora esse modelo possa oferecer flexibilidade, há o risco dos colaboradores se sobrecarregarem ao tentar equilibrar múltiplos compromissos.
- Estabilidade financeira: A natureza fragmentada do polywork pode resultar em renda inconsistente e falta de benefícios tradicionais associados ao emprego em tempo integral.
- Carreira: Pode ser desafiador identificar uma trajetória clara de progressão na carreira devido à diversidade de atividades. Observe que se não tiver um plano de carreira bem orquestrado, poderá se perder no caminho, afetando inclusive a cultura e os planos da empresa.
- Impacto na cultura organizacional: Para as empresas, incorporar este tipo de profissional em suas equipes pode exigir uma revisão das práticas e políticas existentes.
Reflexos no recrutamento e seleção
Na avaliação de Kleber Alves, aceitar profissionais que atuam com polywork pode representar uma oportunidade de atrair e reter talentos da geração Z. “No entanto, isso requer algumas adaptações nas práticas e políticas organizacionais”.
Ele destaca a revisão das políticas internas de trabalho. Isso pode incluir a criação de horários flexíveis, a oferta de oportunidades de trabalho remoto ou híbrido e a valorização de habilidades no momento do recrutamento e seleção.
E ao aceitar esses novos perfis, será necessário dar incentivos a inovação e a criatividade. O que é possível com ambientes disruptivos e mecanismos de fomentação de novas ideias, como workshops internos, formações continuadas e espaços físicos inovadores.
Isso pode incluir programas de bem-estar e a promoção de uma cultura de trabalho saudável.
Novos caminhos
O polywork está pavimentando o caminho para uma nova era no mundo do trabalho, especialmente entre a geração Z. Essa abordagem não só reflete as necessidades e valores dos jovens profissionais, mas também oferece uma maneira inovadora de construir carreiras diversificadas e significativas.
No entanto, é crucial que tanto indivíduos quanto organizações abordem os desafios associados a ele para garantir uma implementação equilibrada e sustentável.
Comente aqui se você já adotou ou adotaria em sua empresa. E se você é um profissional polywork, o que tem achado dessa perspectiva?
Se você é empresário e sente que precisa de uma consultoria para implantar essas e outras mudanças, aceite o convite para um bate-papo.
Fontes: